A questão de que um cristão pode ou não perder a salvação é uma das mais debatidas dentro do cristianismo, e as respostas variam amplamente entre diferentes denominações e teólogos. Para entender melhor essa questão, é necessário explorar os argumentos de ambas as perspectivas e examinar as bases bíblicas e teológicas de cada uma.
Visão da Segurança Eterna
A doutrina da segurança eterna, ou “uma vez salvo, sempre salvo”, é sustentada por muitas tradições protestantes, especialmente entre os batistas e os calvinistas. Eles acreditam que, uma vez que uma pessoa é verdadeiramente salva, essa salvação é garantida para sempre. Essa perspectiva baseia-se em várias passagens bíblicas, incluindo:
- João 10:28-29: “Eu lhes dou a vida eterna, e elas jamais perecerão; ninguém as poderá arrancar da minha mão. Meu Pai, que as deu a mim, é maior do que todos; ninguém as pode arrancar da mão de meu Pai.”
- Romanos 8:38-39: “Pois estou convencido de que nem morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o presente nem o futuro, nem quaisquer poderes, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa na criação será capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.”
Os defensores desta visão argumentam que a obra redentora de Cristo é perfeita e completa, e que a segurança do crente é garantida pela fidelidade de Deus, não pelo comportamento humano.
Mas o que dizer da Apostasia?
Por outro lado, muitos cristãos, incluindo arminianos, wesleyanos e católicos romanos, acreditam que é possível para um cristão perder SIM sua salvação através de um ato de livre arbítrio que os leve a se afastar de Deus. Essa perspectiva também encontra apoio em várias passagens bíblicas, tais como:
- Hebreus 6:4-6: “Ora, para aqueles que uma vez foram iluminados, provaram o dom celestial, tornaram-se participantes do Espírito Santo, experimentaram a bondade da palavra de Deus e os poderes da era que há de vir e caíram, é impossível que sejam reconduzidos ao arrependimento; pois para si mesmos estão crucificando de novo o Filho de Deus, sujeitando-o à desonra pública.”
- 2 Pedro 2:20-22: “Se, tendo escapado das corrupções do mundo pelo conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, encontram-se de novo nelas enredados e por elas vencidos, estão em pior estado do que no princípio.”
A salvação é uma relação dinâmica com Deus, que pode ser rompida pela escolha deliberada de rejeitar a fé.
O Livre arbítrio e a Salvação
Livre arbítrio é a capacidade humana de fazer escolhas independentes, não sendo determinados por forças externas ou por uma natureza predeterminada. No contexto cristão, refere-se à capacidade de escolher aceitar ou rejeitar a oferta de salvação oferecida por Deus através de Jesus Cristo.
- Deus concede a todos os seres humanos a graça preveniente, que lhes capacita a responder ao chamado do evangelho. Segundo esta visão, o livre arbítrio permite que cada pessoa escolha livremente aceitar ou rejeitar a salvação.
- Passagem bíblica chave: “Deus deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade” (1 Timóteo 2:4). Esta passagem mostra que Deus deseja a salvação de todos e concede a todos a oportunidade de aceitá-la ou não.
Conclusão
A questão de se um cristão pode perder a salvação não é apenas uma discussão teológica abstrata; ela tem implicações práticas significativas para a vida cristã. É importante que os cristãos se dediquem a viver uma vida de fé, arrependimento e crescimento espiritual contínuo. A busca pela verdade deve ser feita com humildade, oração e estudo das Escrituras, reconhecendo que, em última análise, a salvação é um dom de Deus que deve ser vivido com gratidão e reverência.
